terça-feira, 3 de novembro de 2015

Grupo Mamulengo Sem Fronteiras mostra a resistência da cultura tradicional brasileira



Grupo Mamulengo Sem Fronteiras mostra a resistência da cultura tradicional brasileira 
Por: Thais Ellen
30/10/2015 20:25 
Fotografia: Thaís Ellen

 Os artistas já são reconhecidos no Brasil e no exterior e mantém viva a arte dos bonecos nordestinos O Mamulengo Sem Fronteiras, grupo de Taguatinga que encena com bonecos nordestinos, acaba de chegar de uma turnê em Portugal. Com uma equipe familiar composta por quatro rapazes, onde três deles são irmãos, o grupo já viajou por todo o Brasil e visitou pela segunda vez a Europa, levando a cultura tradicional brasileira ao exterior. O grupo já possui 18 anos de estrada e surgiu pela experiência com brincadeiras populares em conjunto com um dos mais conhecidos brincantes de mamulengos do DF, Chico Simões, criador do Mamulengo Presepada. O teatro de mamulengo é uma das variedades de teatro de bonecos. Semelhante ao fantoche, o mamulengo é advindo do nordeste. Suas principais características são a manipulação em luva, vara ou misto – sempre feito de madeira com tecidos rústicos. Essa arte está presente no mundo todo: dessa vez, o grupo do Distrito federal foi convidado a participar de dois festivais tradicionais na Europa e entraram em contato com versões dessa arte de vários outros países. Segundo Walter Cedro, um dos fundadores do Mamulengo Sem Fronteiras, estar no exterior apresentando a cultura brasileira é muito gratificante e mostra o quão importante é manter as raízes e o patrimônio cultural nacional. Ele começou como brincante de mamulengo aos 16 anos e nunca mais deixou o teatro. “O mamulengueiro é o cara que trabalha com a tradição. Não é só os bonecos. É carregar toda uma história, uma bagagem tradicional”, 



 Walter Cedro com Bastião e Rosinha

 Esse ano, o grupo também concretizou um projeto chamado Caravana Mamulengo do Cerrado. Foi um mês de viagem por regiões muito remotas da região Centro-Oeste, Nordeste e uma parte do Sudeste, em Minas Gerais. A intenção foi de levar a cultura e conhecimento sobre o cerrado para quem não tem oportunidade. Walter conta que a primeira apresentação foi na comunidade quilombola Bom Jardim da Prata, em Minas Gerais, na beira do rio São Francisco. “Foi uma participação muito forte, por que as pessoas nunca tinham visto mamulengo na vida. A gente saiu de lá extasiado”, lembra. Essa experiência se repetiu em várias das cidades por onde passaram. Ao todo foram 13 apresentações, realizadas graças à verba do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).

 Para Wagner Nascimento, integrante do grupo, brincar mamulengo no Distrito Federal é uma forma de resistência e militância para a preservação das raízes nacionais. Eles vivem da arte e para mantê-la participam de editais de fomento, eventos da iniciativa privada e apresentações diversas. O grupo também faz intervenções em escolas e nas comunidades do DF. O trabalho é uma forma de passar ensinamentos sobre as culturas primitivas do povo brasileiro que estão presentes até os dias de hoje, como as parteiras, benzedeiras, contador de causo e mestres da cultura. “Tem o carinho das escolas públicas onde passamos e que já aprenderam a dar valor à cultura popular tradicional depois que conheçeram o nosso trabalho”, diz Wagner. O teatro de mamulengos foi registrado como patrimônio cultural do Brasil em maio desse ano, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Segundo Priscila Cristina Fernandes, uma das produtoras do Mamulengo Sem Fronteiras, conseguir manter o interesse das pessoas por esse trabalho, uma vez que surgem tantos outros tipos de entretenimento que recebem mais valorização é um dos principais desafios para a manutenção da cultura. Para ela, como essa arte lida com as histórias antigas, trabalhos manuais, o público, diante de tanta tecnologia, não se permite conhecer as raízes. “Depois que apresentamos esse trabalho (…) muitas vezes é instantâneo o interesse de quem presencia, pois eles veem que é tão quanto ou mais interessante ainda que a cultura moderna”, ressalta. No dia 13 de novembro o grupo parte para o Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua, que acontece em Fortaleza – CE e, logo depois, participarão do Encontro da Rede Brasileira de Culturas Populares e Tradicionais que acontecerá em Serra Talhada – PE.

http://campus.fac.unb.br/cultura/grupo-mamulengo-sem-fronteiras-mostra-a-resistencia-da-cultura-tradicional-brasileira/

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