segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Diário #3 - Acre: Caravana Mamulengos do Cerrado Rumo à Floresta


Saímos de Porto Velho (RO) em direção a Rio Branco (AC) de baixo de uma chuva danada. Depois de vários quilômetros e passagens por vários caminhões, paramos para nosso almoço e seguimos até parar em uma obra na rodovia. Ficamos lá por volta de uma hora e seguimos para conseguir passar na balsa que atravessa o Rio Madeira ainda de dia, quilômetros mais à frente. Conseguimos! Chegamos no poderoso Rio Madeira, onde está a fronteira Brasil–Bolívia. Carro em cima da balsa, ficamos admirando quanta beleza tem aquele grande rio. À esquerda, olhamos a inacabada ponte que tínhamos visto há 3 anos atrás, ainda em obras.


RIO BRANCO - FESTIVAL MATIAS DE TEATRO DE RUA

Do outro lado do Rio, queríamos correr para chegar logo em Rio Branco, mas o instinto falou mais alto e paramos para dormir na cidade de Extrema, faltando ainda 180 km. No outro dia bem cedo, partimos em direção à Califórnia, a última cidade que faz divisa dos estados. Quando entramos na rodovia Chico Mendes, uma das primeiras coisas que fizemos foi visitar a famosa ida e volta das duas pontes do Rio Acre. Ao chegar próximo ao nosso primeiro destino, avistamos um dos nossos amigos de longa data, Thiago Rosa dos Ventos, que já soltou um grito chamando os mamulengos! Depois, foi só festa e reencontros com amigos de todos os lados do país. Passada a celebração cheia de abraços, nos concentramos para o cortejo de abertura do festival que iríamos participar, que saiu da Praça Plácido de Castro passando pelo Palácio Rio e pela Praça dos Povos da Floresta para chegar no Novo Mercado Velho, onde já estava de prontidão o grupo Mamulengo Fuzuê, também participante da nossa Caravana, para abrir o Festival Matias de Teatro de Rua. A brincadeira começou, abrindo oficialmente o Festival Matias de Teatro de Rua com alegria e muita participação do público.



ESCOLA FREI HEITOR MARIA TURRINI

No dia seguinte, ainda com o sorriso no rosto, partimos para a outra apresentação, em um lugar com um dos nomes mais lindos que já vemos, a Cidade do Povo. Nos apresentamos na Escola Frei Heitor Maria Turrini, uma escola bonita, com um visual diferente e com grandes janelas de vidro dos dois lados das salas. De lá, todos os alunos viram quando chegamos com o material de equipamento de som, se enchendo de curiosidade para chegar a hora do espetáculo.

Logo, a brincadeira começou para uns 500 alunos de ensino médio, que já chegaram cantando e dançando no ritmo do forró pé de serra, embalado pelo nosso trio de forró. Entrou boneco, saiu boneco soltando risos e alegrias. Quando o Thiago, do Mamulengo Fuzuê, saiu da empanada, foi um grande alvoroço para perguntar dos bonecos e tudo mais. Finalizamos, desmontamos a tolda e já partimos para assistir os espetáculos dos amigos que iriam se apresentar no festival naquele dia.





BUJARI

No dia seguinte, logo depois do almoço, a caravana seguiu para a Cidade de Bujari, que fica bem próxima a Rio Branco. A primeira impressão foi  que algumas coisas não tinham mudado ao longo do tempo, em especial quando vimos um caminhão pau de arara como transporte escolar. Mas, logo veio a explicação de que só esse tipo de transporte consegue chegar em locais alagados ou em estradas ruins, as chamadas estradas ramais. Começamos a montar nossa estrutura na Praça do Correio e logo foram chegando várias pessoas atraídas pelo carro e pelas músicas que tocamos na hora de passar o som.

Com tudo pronto e com a lona no chão, chegaram as crianças correndo da escola para assistir a brincadeira começar. E eis que surge o velho Seu  Dominguinhos, de Olhos D’água, com sua sanfona  encantada para abrir a roda. Logo em seguida, o Boi Corisco e seu companheiro Cazumbá prosseguem as brincadeiras com uma participação incrível do público, muitas crianças e pessoas que brotavam de todos os lados e lugares. Ao final, o público veio chegando perto, curioso para conversar e ver de dentro a tolda onde os bonecos ganham vida. Desmontamos tudo e agradecemos aos amigos da técnica e também ao nosso fiel escudeiro Bruno, que ficou da montagem até o fim do espetáculo. Seguimos para nosso alojamento, para descansar.



ESCOLA LOURIVAL SOMBRA

No dia seguinte, acordamos e, logo depois do café, chegou nossa parceira, a atriz e professora de artes Mariana Farias. Saímos com ela em direção à Escola Lourival Sombra, onde os alunos já estavam prontos para nos ajudar a montar tudo para a brincadeira. Tivemos a fala da professora, falando sobre a importância da nossa caravana na escola. A brincadeira começou, tendo como público 400 alunos de ensino médio. Ao som do forró do nosso trio, todos cantaram juntos as primeiras músicas até mais uma aparição do sanfoneiro Seu  Dominguinhos, de Olhos D’água, que chegou  para abrir os caminhos. No fim da apresentação, recebemos várias perguntas dos alunos, que trouxeram curiosidades inusitadas. Depois, seguimos para despedidas, fotos e a agradecimentos, finalizando a apresentação do dia.



FESTIVAL MATIAS DE TEATRO

Depois de quase um mês de caravana, chegamos ao dia da nossa última apresentação, fechando com chave de ouro na programação do Festival Matias de Teatro de Rua, realizado em Rio Branco. Nossa brincadeira foi marcada para o Mercado Municipal, que com o tempo ficou conhecido como Mercado Velho, sendo o primeiro prédio público de alvenaria da capital acreana. Construído em 1929, o prédio foi revitalizado em 2006 e é também conhecido por sua grande variedade de artesanato, comidas típicas, artigos religiosos e medicina natural, como a banca do Rei das Ervas, que nos deu um gole de uma garrafada energética para turbinar  o espetáculo.




Revigorados e com um público lindo, com muitas famílias e transeuntes que passavam e paravam para ver o que estava acontecendo, começamos a brincar. Foi aquele alvoroço, com risadas e gritos de alegria. A brincadeira seguiu com uma sintonia maravilhosa dos músicos e do público. Ouvimos, então, os primeiros fogos de artifício anunciando o espetáculo do grupo paraibano Quem tem Boca é pra Gritar.

Logo em seguida, terminamos nossa brincadeira com muitos aplausos e agradecimentos. Como não poderia deixar de faltar no teatro de rua, passamos o chapéu para comprar o pão nosso de cada dia. Segunda chamada de fogos, era chegada a hora do espetáculo Comédia com Farinha, do grupo Quem tem Boca é pra Gritar. Abrimos alas para eles e nos despedimos do Festival Matias de Teatro de Rua, juntamente com a Caravana Mamulengos do Cerrado Ruma à Floresta.


DE VOLTA PARA CASA

Na manhã do dia  27 de agosto, exatamente às 8h, partimos de volta para casa,  depois de muitos quilômetros percorridos, cidades, risos e rios. Chegamos em casa, nossa amada Brasília, no dia 30 de agosto, levando muitas saudades e boas lembranças dos lugares que passamos e das pessoas que conhecemos.

Que venham muitas outras caravanas, muitos salves e axé para todos. Evoé!!

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